terça-feira, 2 de novembro de 2010

CAMARADA VANILDA DE ABREU CAVALCANTI, PRESENTE!

Morrer é parte de nossa vida e de nossa condição humana. Nos tempos imemoriais a morte continha vários significados, dentre eles, a valorização do papel da família e da comunidade e sua relação natural com os seus mortos.
Ao longo dos tempos modernos, porém, a morte mantém-se como um importante tabu na cultura ocidental. Nessa parte do mundo conhecido as pessoas ainda negam a morte, vivem numa espécie de terror e torpor permanente e, em sua maioria, não se sentem confortável ao ter que conviver com o ritual da morte.
Na modernidade o homem assinalou várias alterações na sua relação com os eventos da morte, interditando-a e tornando-a mais problemática e, ao mesmo tempo, relativamente esvaziada de seus diversos e complexos sentidos.
Não me lembro como Vanilda se referia à morte e como ela se preparou para esse momento. O que deve ser assinalado é a sua dignidade e sua coragem de enfrentar o perigo que a levou à morte, assim como a razão e a emoção de voltar para sua casa, a Ilha Rebelde, para cumprir o seu último ato em vida e emocionar a todos nós.
Camaradas, esse prefácio é para dizer-lhes da dor e da saudade de Vanilda em nosso convívio e para desabafar um pouco sobre o significado que tem a vida e a amizade de Vanilda para mim, em particular, mas também para tantos camaradas da luta, colegas e discentes da Universidade Estadual do Maranhão presentes ontem na tarde ensolarada do Jardim da Paz, nova moradia de Vanilda na profunda terra maranhense.
Na tarde do primeiro dia de novembro, tarde de lamentos, choros sinceros e amorosos de tantos quantos relembraram Vanilda e o seu compromisso ético-político com a educação e com a mudança social, pus-me a refletir o papel singular que essa camarada de responsa teve para nós, visionários da construção de uma nova universidade, de uma nova sociabilidade, de um novo pacto de humanidade a se derramar sobre aquele nosso espaço de luta permanente, autônomo e completamente cheio de novos personagens na pedagogia, nas letras, na história, na física e na matemática, na computação, na geografia, na engenharia, na administração, na zootecnia e na agronomia, na veterinária, nas ciências químicas, biológica.
Podemos afirmar que Vanilda cumpriu seu papel nesse processo histórico no âmago do nosso bravo e fundamental, Coletivo Autonomia e Luta. No Autonomia e Luta Vanilda dialogava nos bastidores com os demais camaradas apontando as suas críticas e idéias abalizadas e sempre estava presente no cotidiano das inúmeras greves que fizemos na UEMA e das muitas conquistas arrancadas pela luta de todos nós irmanados e conscientes da vitória, sem perder de vista as lições das derrotas nas disputas na Apruema e outras lutas.
Vanilda, camaradas, representa uma lembrança de força pessoal ao enfrentar a doença que a vitimou sem medo da morte física e convicta de que a sua memória será cultivada por nós, seus amigos e camaradas das lutas.
Valeu, Vanilda!
A luta continua e tu estarás sempre presente em nossos corações!
Adeus, companheira!

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